sexta-feira, 18 de março de 2011

DESFILE MUNICIPAL DE AMÉRICO BRASILIENSE

A Sereiazinha




O conto de fadas que inspirou os estúdios Disney a criarem o desenho animado A Pequena Sereia foi originalmente escrito originalmente em 1836 pelo dinamarquês Hans Christian Andersen (foto). Se você lê em inglês, o conto está disponível no site Hans Christian Andersen.





Para lê-lo em Português, procure em qualquer biblioteca que tenha contos infantis, ou baixe-o aqui. O que eu tenho é a ótima tradução de Monteiro Lobato da Editora Brasiliense, 1958. Foi com ela que fiz as citações abaixo.





Um breve resumo da história:
Tudo começa quando a sereiazinha recebe autorização para ir à superfície e salva o príncipe de um naufrágio. Contudo, o jovem príncipe nunca fica sabendo que fora ela sua salvadora, ele pensa ter sido uma garota humana. Melancólica, a sereiazinha vai até a bruxa do mar pedir que ela a transforme em humana, em troca disso, a bruxa tira-lhe a voz, pois era a mais bela voz do oceano.



Após a transformação, a sereia encontra o príncipe e passa anos muda em sua companhia. Um belo dia, o príncipe reencontra a garota que ele pensava tê-lo salvado e se casa com ela. A maldição da bruxa era que a sereiazinha morreria se o príncipe se casasse com outra, então, suas irmãs cortam seus próprios cabelos e os dão à bruxa em troca de um punhal que devia ser enterrado no coração do príncipe para salvar sua irmã mais nova.



Porém, para não morrer, a sereiazinha teria que matar o príncipe naquela noite e deixar gotas do sangue dele caírem em suas pernas para que ela voltasse a ser sereia. Não tendo coragem de matar seu amor, ela se sacrifica e morre, se transformando em uma filha do ar que dali a 300 anos conseguiria uma alma imortal se ajudasse os outros.


Fatos curiosos:



Ela não tem nome. Referem-se a ela apenas como "sereiazinha".



Eram apenas seis irmãs e não sete como no filme.



Quando as sereias completavam 15 anos, recebiam uma autorização para visitar a superfície.



Era a avó paterna que cuidava das princesas e não o rei.



As irmãs encorajam a sereiazinha a ir ver o príncipe.

A avó era especialista em coisas humanas e a sereiazinha sempre a consultava.



O povo do mar vivia até 300 anos e quando morriam se tornavam espuma do mar.




Não possuíam uma alma imortal como os seres humanos. O único jeito de uma sereia conseguir uma era se apaixonarem por um humano e fazê-lo se apaixonar por ela.



Ela vai procurar a bruxa do mar por livre e espontânea vontade.



A bruxa diz que a sereia é tola em querer ser humana que que irá sofrer muito quando se tornar uma.



A bruxa corta a língua da sereia para impedi-la de falar e diz que seduzirá o príncipe com seu "belo corpo e lindos olhos".



A família da sereiazinha vai visitá-la à noite no lago do palácio.



O príncipe realmente se apaixona por sua noiva humana e não é hipnotizado como no filme.


Citações:
Como o conto é poeticamente belo, vale a pena ler algumas de suas passagens. Note as semelhanças e diferenças entre o conto e o filme.




"Muito longe, em alto mar, a água é azul como o mais azul dos miosótis e tão clara como o mais puro cristal. (...) Lá moram as sereias, criaturas metade mulher, metade peixe".




"Era muito diferente das outras, essa sereiazinha". "Sua pele mostrava-se tão delicada e macia como as pétalas das rosas, e seus olhos azuis refletiam o azul mais profundo que existe no mar".



"Noites e noites passava em sua janela, a olhar o azul escuro das águas, distraída em ver peixinhos rabanando por ali".



"O sol acabava de deitar-se quando ela emergiu. As nuvens, porém, ainda estavam tintas de rubro e de ouro. Que esplendor de crepúsculo! A atmosfera mostrava-se sereníssima. O mar, duma calma absoluta."



"[No navio] ela viu um príncipe de olhos negros, aí de uns dezesseis anos. Era seu aniversário que os do navio estavam celebrando com aquela festa".



"Resolveu salvar o príncipe. Nadou em direção dele, com muito cuidado para não ser ferida pelos destroços boiantes".



"Beijou então a testa do príncipe desmaiado e alisou-lhes os cabelos".



"Vamos, irmãzinha - disseram-lhe um dia as sereias. Vamos subir à tona de braços dados para ver o palácio do príncipe".


"Começou cada ver mais a afeiçoar-se aos seres humanos e a desejar ardentemente viver entre eles, pois o mundo fora do mar lhe parecia maior e mais belo que o do fundo do mar".



"Nossa alma não é imortal. Não temos depois de mortas uma vida nova" - disse-lhe a vovó.


"Eu daria metade da minha vida para ser uma criatura humana por um só dia e sentir em meu coração a esperança da vida futura".



"Por ocasião destas festas é que se podia avaliar o esplendor do fundo do mar, esplendor como jamais se viu na terra".



"[A transformação] lhe causará tanta dor como se seu corpo fosse atravessado por cem espadas. Em compensação ficará sendo a mais linda moça da terra". - disse-lhe a bruxa.



"O príncipe, envelado, só lhe chamava 'minha querida'". "Tratava-a como se fosse uma criança".



"Se eu fosse obrigado a escolher uma esposa só poderia escolher a ti, minha querida mudinha de olhos tão expressivos!". - disse-lhe o príncipe.



"-- Foste tu, sem dúvida, que me salvaste quando eu ia perecendo no mar!". - Disse o príncipe à princesa do reino visinho que aparecera diante dele no dia em que a sereia o salvou.

                                                                                                       

"As mãos da sereiazinha apertaram instintivamente o cabo da faca. Em seguida lançou-a no mar."



"E com um último olhar ao príncipe amado, precipitou-se às águas, sentindo seu corpo dissolver-se imediatamente em branca espuma".



"Mas as filhas do ar, embora não tenham alma imortal, podem obtê-la por esforço próprio, praticando boas ações".

                     




CARNAVAL